ESTADO NOVO

O Estado Novo foi o regime político autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos ininterruptos, desde a aprovação da Constituição de 1933 até ao seu derrube pela Revolução de 25 de Abril de 1974.

Marcelo Caetano: guerra colonial

E a questão primordial do país, a guerra co­lonial, continuava sem resolução à vista... A posição do governo português relativa­mente à manutenção das suas colónias não era aceite internacionalmente. Rapi­damente, entre diversas camadas da so­ciedade portuguesa se chegou à con­clusão de que a solução para a guerra colonial não passava pelas armas mas sim pela negociação política. Mas Mar­celo Caetano defendia a tese salazarista da nação pluricontinental ou seja Portugal era só um, do «Minho a Timor», portanto defendia a continuação de Portugal na guerra mesmo sem o apoio internacional: «nenhuma dúvida pode haver de que o mais grave que, presentemente, se põe à Nação portuguesa é o Ultramar. Normal­mente, nunca o Ultramar constituiria um problema para Portugal. Portugal, desde há cinco séculos, é uma Nação dispersa por vários continentes, está na África, na Ásia, na Oceania, como está na Europa. E encontrará sempre, no génio natural do seu povo e na sua experiência tradicional dos seus contactos as soluções adequa­das ao desenvolvimento harmonioso de todas as suas parcelas, à convivência fraterna de todos os seus filhos, à fusão enriquecedora de todas as suas culturas. Mas, na hora atual, essa evolução de uma sociedade pluricontinental e multir­racial é perturbada por crescente pressão internacional adversa. (...) Uma pressão que encontrou nas assembleias (...) de­pendentes das Nações Unidas o ambiente propício de formação, de ampliação e de aplicação. E de que decorre a mais in­crível campanha contra o nosso país» (1).
Caetano opunha-se à resolução da guerra colonial pela via das negociações pois se­gundo ele: «para a defesa global do Ultra­mar é preferível sair (...) por uma derrota militar com honra do que por um acordo negociado com os terroristas, abrindo caminho a outras negociações. (...)» (2)

(1) Marcelo Caetano, Discurso de 5 de março de 1974, in Maria Emília Diniz, Adérito Ta­vares, Arlindo M. Caldeira, ob.cit., p. 233.
(2) Marcelo Caetano, «Depoimento» (Rio de Janeiro, 1974), in História Con­temporânea de Portugal, dir. João Me­dina, Lisboa, Edições Mutilar, 1990, p. 232.