Maria Fernanda Coutinho

Maria Fernanda Coutinho tem 67 anos. Foi empregada de escritório. Neste momento encontra-se reformada. Reside na Amadora.


1. Quais são as suas recordações mais marcantes sobre o regime do Estado Novo?
R:
As recordações mais marcantes são sobretudo marcadas pela vivência do dia a dia do povo em geral, o meu pai operário e a minha mãe doméstica (como se dizia na época), os filhos na escola...Vivia-se com pouco mas quase não se questionava, era assim.

2. Onde se encontrava no dia 25 de abril de 1974?
R:
No dia 25 de Abril de 1974 estava em casa, na Amadora, a preparar-me para ir trabalhar. Começo a ouvir as notícias e rapidamente percebi que nesse dia era melhor não sair pois estava grávida da 1ª filha e o meu marido encontrava-se em Aldeia Viçosa, Guarda, a passar uns dias. Fiquei um pouco assustada. Passei o dia a ouvir as notícias. Falei com o meu marido e contei-lhe o que se estava a passar e ele logo no dia seguinte veio para casa.

3. Quais são as suas memórias sobre este dia?
R: As memórias deste dia são boas passadas as primeiras horas e depois de perceber que era uma revolução amiga do povo.

4. Que impacto teve esta revolução na sua vida pessoal e/ou familiar?
R:
O impacto na minha vida e na vida de quem me rodeava foi muito positivo, claro que existiram alguns dias difíceis pois começava a perceber-se que havia interesses que não eram partilhados de igual modo por toda a gente mas apesar de tudo o impacto foi muito bom.

5. Como avalia o período que se seguiu à Revolução dos Cravos (como descreve a transição política da ditadura para a democracia, quais são as suas memórias sobre este período, foi um período que a marcou em termos pessoais e/ou familiares - justifique)?
R:
O período a seguir à revolução como já referi atrás foi conturbado pois começaram a definir -se dois campos de atuação. Eu e o meu marido na altura trabalhávamos numa fábrica muito conhecida na época, os Cabos Ávila. Nesta fábrica, os conflitos foram muito marcantes. Os trabalhadores ficaram uns contra os outros e foi realmente difícil de gerir, mas enfim, tudo passou e não voltamos para uma ditadura de lado contrário como alguns queriam.

6. Que avaliação faz da democracia na atualidade?
R:
A atualidade está um pouco confusa... As pessoas acreditam pouco ou nada nos partidos, a corrupção é muita e nota-se que existe alguma preocupação com o futuro mas o que acho é que as pessoas devem envolver-se mais e sobretudo participar nem que seja apenas votar. Os partidos não são todos iguais, temos que nos informar e contribuir para que tudo melhore mas uma coisa eu digo o 25 de Abril foi o melhor que aconteceu a Portugal e o saldo é positivo.


Entrevista realizada por Ana Matilde Reis
 Coordenação/Tutoria:
Professora Ana Sofia Pinto